sábado, 29 de agosto de 2009

O movimento camponês mostra o caminho da Luta




Por muito tempo na história do movimento socialista o campesinato foi considerado uma força social reacionária e reformista , sua luta não passava de movimentos reivindicatórios pela posse da terra e da pequena propriedade, uma classe mais sensível a tramas conservadoras do que o operariado vanguardista. Mas nas últimas décadas essa visão vem sendo desmontada a cada demonstração de resistência dos povos do campo e das populações indígenas da América latina, ao neoliberalismo e a lógica destrutiva do capital que impôs as populações campesinas a expropriação de suas terras para atender os interesses dos grandes produtores rurais e das empresas extrativistas. Na América latina assistimos na última década levantes camponeses contra os demandos da elite colonizadora, reivindicado seus direitos como povos da terra, porém muito sangue foi derramado, indígenas e camponeses sentiram na pele a reação branca e imperialista, mas não baixaram guarda e não desistiram da luta. No México nos surpreendemos em 1994 com o levante zapatista, que através das armas tomaram diversas municipalidades na região de Chiapas, transformando-as em municípios em rebeldia garantindo o controle social da produção e a governança democrática. Já na Bolívia tivemos a eleição do primeiro presidente de etnia indígena da história desse país que realiza reformas no Estado e na constituição para incluir a população pobre e campesina, além das nacionalizações de empresas de setores vitais a economia como a extração de gás natural, ações apoiadas e legitimadas pela população indígena e camponesa.
No Brasil há 25 anos o MST faz parte da vida política do país com ações exigindo a reforma agrária nunca realizada e por políticas estatais de apoio aos homens e mulheres do campo. Foi um quarto de século marcado por invasões , ocupações, marchas e constante enfrentamento com o latifúndio e seus capazes sejam eles políticos ou repressivos. O massacre de Eldorado dos Carajás foi um dos momentos mais marcantes desse confronto que terminou com dezenas de camponeses mortos pela força repressiva do Estado que anos mais tarde foi absolvida pela justiça burguesa por esse crime cometido. Apesar disso, o MST chega aos seus 25 anos mostrando maturidade política, formando líderes e dando uma verdadeira aula de organização política as organizações de esquerda que se dizem vanguarda da luta socialista. O MST nos ensina que a luta política não deve estar separada da luta social, que não existe tática sem estratégia e que para avançarmos para uma sociedade que impeça as atrocidades do capital a humanidade e a natureza, se faz necessário uma revolução social centrada no trabalho e liderada pelas classes trabalhadoras.