sábado, 21 de novembro de 2009

Homenagem Adoniran Barbosa




Adoniran Barbosa, nascido João Rubinato em 06 de agosto de 1910 na cidade de Valinhos,SP.

Adoniran, como poucos compositores paulistas, descreveu em suas letras a cidade de São Paulo, com suas tensões e contradições, narrando como um cronista o cotidiano daqueles homens e mulheres que estavam a margem das transformações urbanas da cidade nas décadas de 50 e 60.

Ele foi um observador atento e afetivo, catalisador de mudanças e permanências, capturando em suas músicas fragmentos do dia-a dia da cidade que se transformava.

Suas canções expressavam com maestria e irreverência a vida do homem comum, com seu português "mal-falado" mas muito bem entendido, fazendo de suas músicas obras eternizadas na memória musical de todo o país, a força de suas canções se manteve presente na memória de diferentes gerações.

Quem consegue esquecer versos de "Saudosa Maloca", "Iracema", "Trem das Onze", entre tantas outras que são cantadas até hoje em toda roda de samba em qualquer lugar do Brasil.

Destacou-se também como rádio ator, encarnando tipos caricatos do cotidiano das favelas paulistanas, o mais famoso deles foi Charutinho que com sua mulher Pafunça estrelavam um dos programas de maior audiência da Rádio Record no final da década de 60, Histórias das Malocas. Este programa primava por diálogos permeados por humor e crítica social, os ouvintes se emocionavam, se identificavam e riam com Charutinho e sua turma.

Ao retratar uma realidade tão cruel, Adoniran denunciava os conflitos urbanos, dramas sociais e o cotidiano das malocas.

Por isso Adoniran Barbosa merece toda nossa admiração, figura emblemática do samba paulista e da música popular brasileira, poeta e cronista que através da escrita e de sonoridades se tornou reconhecido como a " a voz da cidade".




sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Conquista do Acampamento Nacional - MST

Cesare Battisti e a (in)justiça Brasileira



Na última quarta-feira (18/11) a esquerda brasileira, assim como o movimento comunista internacional levaram um terrível golpe, após meses de discussão no Supremo Tribunal Federal, os ministros após votação apertada decidiram pela extradição do camarada Cesare Battisti. O STF a serviço do capital tomou uma decisão que vai contra a democracia brasileira e seus princípios humanitários, e aos movimentos sociais que lutam por um a sociedade mais justa e igualitária. Pressionados pelos setores mais conservadores da sociedade brasileira e de sua mídia golpista os ministros do STF votaram pela entrega de Battisti as autoridades italianas.
Cesare Battisti recebeu a condição de asilado político no início deste ano por parte do governo brasileiro. Battisti foi militante do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo) organização de esquerda que pegou em armas para resistir ao Estado autoritário Italiano na década de 70 governado pela Democracia Cristã, esse período devido ao seu recrudescimento e perfil anticomunista ficou conhecido como “Anos de Chumbo”.
Cesare Battisti acabou sendo preso e condenado por supostos crimes cometidos nesse período, mas foram considerados delitos comuns e não políticos. O mesmo regime da Democracia Cristã que caçou comunistas e restringiu liberdades, julgou e condenou de forma injusta Battisti.
Desde então Battisti passou por diversos países, se refugiando para não cumprir a pena imposta pela justiça italiana.
Apesar de decisão desastrosa, nós da esquerda brasileira assistimos de maneira inerte e anestesiada o caso Cesare Battisti, pouco se viu de movimento organizado pedindo a libertação ou a confirmação do asilo político, não vimos manifestações de rua ou ações mais radicalizadas que pudessem pressionar o STF para tomar decisão oposta. Coube a Battisti iniciar uma greve de fome que ainda perdura para sensibilizar a justiça brasileira.
Cabe agora ao governo Lula tomar a decisão final sobre a extradição de Battisti, afinal o STF lavou suas mãos após decidir pela expulsão de Cesare Battisti. Apesar de todas as limitações programáticas do Partido dos Trabalhadores, seu abandono aos ideais socialistas se propondo a administrar as mazelas do capitalismo e o não rompimento com as instituições do Estado burguês, esperamos que o presidente Lula, se ao menos, não pela lógica política, mas pelo caráter humanitário reverta essa decisão do STF e garanta o asilo político ao camarada Battisti. Senão poderemos comparar tal episódio, guardada é claro, as devidas dimensões históricas, as extradição realizada pelo Estado Novo de Vargas da comunista Olga Benario ao governo nazista alemão e anos mais tarde seria morta na câmara de gás. Entregar Cesare Battisti ao governo neofascista de Berlusconi é sentenciá-lo a morte.

Jefferson Carvalho

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

20 Anos da Queda do Muro de Berlim


Como Hobsbawn analisou em seu livro Era dos Extremos, o breve século XX iniciou-se com a 1ª guerra e findou-se com a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética. Um século marcado por guerras e tensões políticas, que tiveram como base a ideologia do capital e a construção do socialismo.

Atento neste início de semana, como seria tratado os 20 anos da queda do muro de Berlim, já estava preparado para o tom de vitória e de comemoração à data pelos setores mais à direita da sociedade e dos defensores da economia de mercado e do fim da “crise do capitalismo”.

Os jornais e a televisão mostraram a festa e a integração das duas Alemanhas permeadas pela globalização e pela sociedade do consumir, os alemães do lado oriental não tinham a ilusão de consumo, e aquela sociedade estava assentada sobre outros valores sociais. Alguns anos passados, e as mazelas da desigualdade do capitalismo se fizeram presentes, o desemprego, a violência e a pobreza, mostraram suas faces cruéis, em uma sociedade na qual as políticas de Estado eram marcantes. Hoje não podemos falar em uma integração completa entre o lado ocidental e oriental da Alemanha, um muro invisível construído pelo capital ainda separa aquele país.

É pena, que setores e companheiros de esquerda, também viram como avanço o fim do socialismo naqueles países, dizem que de fato aquilo não tinha nada de socialismo nem mesmo de transição para uma sociedade de iguais e de produção controlada pelos trabalhadores.
Podemos citar aqui, todas as limitações do socialismo real no leste europeu, seus erros, mas para o movimento comunista internacional a queda do muro significou uma grande derrota. O socialismo real era uma das últimas resistências ao capital, principalmente em sua fase mais nefasta, o neoliberalismo.
Com a União Soviética e as outras repúblicas socialistas havia uma correlação de forças mais favorável aos movimentos dos trabalhadores e de luta pelo socialismo. Porém com os desmoronamentos dessas experiências a esquerda internacional sofreu um grande baque e atualmente vive um imenso refluxo. Podemos apenas destacar o movimento camponês, que tem até mesmo uma organização internacional, a Via Campesina. Sindicatos de trabalhadores urbanos, demais movimentos vivem um esvaziamento político, e algumas organizações partidárias se perdem no “programa máximo” e não dialogam com os movimentos sociais. Arrasados nas duas últimas décadas pela ideologia do livre mercado e da sociedade do intenso consumo que chegou a anunciar o fim da história, esses movimentos tentam ganhar fôlego novamente com as fissuras do modelo neoliberal e do capital com sua lógica irracional e destrutiva, mas ainda muito precisa ser feito.

Cabe colocarmos aos que festejam a queda do muro de Berlim, os outros muros construídos nos últimos vinte anos para proteger os interesses dos países ricos e manter os “ intrusos” longe, podemos citar o muro levantado entre os Estados Unidos e México, outro na fronteira entre Israel e a Palestina, todos esses legitimados pelo mundo capitalista. Sem falar nas barreiras invisíveis, mas tão eficientes como muros de concreto, é só falarmos sobre o protecionismo econômico das economias centrais, sua perseguição aos imigrantes, colocando cada vez mais imposições para barrar a entrada de imigrantes de países pobres.

Então companheiros, é hora de levantarmos nossas vozes contra toda essa onda conservadora que assola o mundo e nosso país, precisamos denunciar e atacar por todos meios os setores que criminalizam os movimentos sociais e usam seus jornalões e revistas para difundir seu ideário do atraso contra os setores compromissados com a luta dos trabalhadores.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

40 Anos sem Marighella


"Não ficar de joelhos, que não é racional renunciar a ser livre. Mesmo os escravos por vocação devem ser obrigados a ser livres, quando as algemas forem quebradas."
( Carlos Marighella)

Há 40 anos em uma rua escura de São Paulo tombava em uma emboscada, um dos grandes nomes da esquerda brasileira e da resistência implacável e armada a ditadura militar, seu nome Carlos Marighella, ou apenas Marighella. Baiano de São Salvador, filho de uma negra filha de escravos e de um operário imigrante, Marighella desde sua juventude se dedicou as lutas do povo brasileiro e a causa da revolução. Em 1932 ingressou na juventude comunista, mesmo ano de sua primeira prisão, muitas outras viriam anos depois, como também, as torturas, os espancamentos e a clandestinidade. Passa grande parte do período Vargas na cadeia ou clandestino, com a anistia de 1945 tem novamente seus direitos políticos e o Partido Comunista foi posto na legalidade.
Foi deputado constituinte em 1946, eleito pela Bahia, mas assim como os demais comunistas e o próprio partido foi cassado pelo presidente Dutra. Já na década de 50 começou a demonstrar suas divergências táticas e estratégicas com o Partido e após o XX congresso do PCUS, rompe com a posição de coexistência pacífica e de submissão à burguesia da orientação política do partido. Com a revolução cubana no fim da década de 50, Marighella viu a possibilidade da construção de um processo de guerras de guerrilhas em terras brasileiras. Em maio
de 1964, após o golpe militar, é baleado e preso por agentes do DOPS dentro de um cinema, no Rio. Libertado em 19654 por decisão judicial, no ano seguinte opta pela luta armada contra a ditadura, escrevendo A crise brasileira.

Em agosto de 1967
, participa da I Conferência da OLAS (Organização Latino-Americana de Solidariedade, realizada em Havana, Cuba, a despeito da orientação contrária do PCB. Aproveitando a estada em Havana, redige Algumas questões sobre a guerrilha no Brail, dedicado à memória do Comandante Che Guevara e tornado público pelo Jornal do Brasil em 05 de setembro de 1968, nesse mesmo ano optou pela luta armada e pela guerrilha urbana ,escrevendo o minimanual do guerrilehiro urbano e fundando a ALN ( Ação Libertadora Nacional) que em conjunto com outra organização de esquerda o MR-8 atuaram no sequestro do embaixador norte-americano.
Com diversas ações, como expropriações bancárias, sabotagens e ações armadas, o regime militar e seus paratos repressivos recrudescem e Marighella e outros militantes de esquerda tornaram-se alvos preferenciais do regime de exceção.
O delegado Fleury e agentes do Dops planejaram toda a ação para a captura de Marighella, principalmente após a queda dos freis dominicanos que sob tortura foram obrigados a marcar um encontro com Marigha.

Então naquela noite de 04 de novembro de 1969 em ação cinematográfica arquitetada pelo Delegado Fleury e agentes do DOPS, por volta das 20 horas, Marighella não teve ao menos tempo tempo para reação, foi baleado por diversos disparos, caindo morto no asfalto frio da alamenda Casabranca, logo depois seu corpo foi colocado em um fusca onde estavan os freis Fernando e Ivo , numa posição que ficou eternizada nas fotos que estaparam os jornais e foram usadas pelos agentes da repressão para mostrar que Marighella estava exterminado.

Carlos Marighella morreu lutando por um país melhor, mais justo e igualitário. Tombou em nome de uma pátria socialista, assim como centenas de companheiros que foram mortos em combate ou nos porões da ditadura, muitos ainda desaparecidos, nem mesmo seus corpos foram entregues a suas famílias. Porém, a memória continua viva, e a luta desses companheiros não foi em vão e todas as lutas do futuro a eles se remetem, como símbolos da resistência e da causa da revolução socialista.

Jefferson Santos