domingo, 13 de setembro de 2009

Um reação em cadeia


Uma noite dessas em um bar de São Paulo, um grande camarada e eu conversávamos acerca da nova lei antifumo que acabara de entra em vigor no estado de São Paulo, discutíamos as suas implicações e sua repercussão na mídia e na sociedade civil, porém antes de tudo nos interessava desvendar o que de fato estava implícito nesse tipo de legislação, mas é claro, ninguém em sã consciência inclusive a maioria absoluta dos fumantes é a favor do ato de fumar em lugares públicos e fechados, no entanto leis restritivas e de exceção como esta que segregam socialmente um grupo determinado trazem consigo elementos para além dos artigos e incisos da lei. Na verdade podemos perceber nesta legislação e em outros fatos que descreverei a seguir a onda reacionária que vem marcando o cotidiano de nosso país. A lei antifumo, neste contexto, expressa os ensejos da elite conservadora brasileira pautados por um discurso higienista próprio da limpeza social realizada nas capitais urbanas da belle epoque no final do século 19, a serviço das classes dominantes que queriam extirpar de seus centros urbanos os seres socialmente indesejáveis.

Outro exemplo da onda conservadora que abateu-se sobre o país foi a decisão do Supremo Tribunal Federal negando asilo político a Cesare Battisti tratando-o como um criminoso comum, fazendo coro com a grande imprensa ( revista Veja, os jornais Estado e Folha de São Paulo, aquele mesmo da ditabranda) e com os setores mais atrasados da sociedade brasileira, o mesmo STF que libertou em questão de horas o banqueiro Daniel Dantas e criminaliza os movimentos sociais como o MST, fazendo vistas grossas aos crimes cometidos no campo. O STF cumpriu mais uma vez seu papel a serviço da elite conservadora deste país. Passando até mesmo por cima do poder executivo que havia asilado Battisti.

Por fim gostaria de lembrar do episódio que culminou com o recolhimento de milhares de exemplares de um livro nos colégios públicos de São Paulo após denúncia de uma professora do interior acusando o livro de conter textos e ilustrações impróprias, em suas palavras, pornográficos. Não quero entrar aqui na discussão se este ou aquele livro é próprio ou impróprio para determinada faixa etária, mas este tipo de discurso conservador, típico das senhoras católicas das décadas de 50 e 60 que culminaram na marcha com Deus pela família e liberdade em 1964, pautaram a discussão na imprensa e nas instituições do Estado, inclusive o próprio sindicato dos professores, a APEOESP, se deixou levar por esta fala da reação.

Com certeza outros fatos poderiam ser aqui citados como exemplos desta reação em cadeia, como a atuação da imprensa e da ditadura da mídia crítica implacável dos governos de nossos vizinhos bolivianos, venezuelanos e equatorianos e ao mesmo tempo tão generosos com o tucanato paulista; do movimentos dos “cansados” insuflados pela direita brasileira após o acidentes aéreo da TAM em 2006 que contou com miquinhos amestrados tais como Ivete Sangalo, Hebe Camargo, João Doria Jr. Entre outros.

O que podemos ver então amigos é que vivemos uma onda reacionária, uma reação em cadeia, que já vivemos décadas atrás e em momentos de crise do capital esses setores submergem e fazem seus discurso ecoar em todas as classes e segmentos sociais. Quem mais perde com isso?

A democracia, apesar de seus limites, fica ainda mais refém dos interesses dos grandes grupos econômicos e do controle político das forças do atraso da elite conservadora brasileira.

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